Brasil, França, Guiana e Suriname realizam operação militar combinada

Brasil, França, Guiana e Suriname realizam operação militar combinada

Encerra-se, neste sábado (18), a primeira edição da Operação Combinada “Fer de Lance” (Ponta de Lança), que reuniu militares e meios operativos das Forças Armadas do Brasil, França, Guiana e Suriname. A operação iniciou no dia 11 de março, na Guiana Francesa, onde foram realizados exercícios militares que simularam uma intervenção no território de um país fictício, em vias de desestabilização, com efetivo militar reduzido. O Navio de Apoio Oceânico “Iguatemi”, da Marinha do Brasil, foi um dos meios navais envolvidos na operação.

A área onde as manobras militares foram realizadas é alvo constante de operações contra atividades ilegais de garimpo e pesca. Esta área estende-se desde a região do Oiapoque, no extremo Norte do Brasil, passando pelo litoral da Guiana Francesa, até a fronteira com o Suriname. Essa extensa zona do Atlântico é um ponto de atenção para as Forças Armadas de Brasil e França. Na Guiana Francesa, território ultramarino francês, o País europeu mantém um Centro Espacial, base de lançamento de foguetes na cidade de Kourou.

Com o propósito de permitir o intercâmbio de conhecimentos e desenvolver a cooperação regional, a Operação “Fer de Lance” é o maior exercício militar combinado da França realizado na América do Sul. A segunda edição do evento tem previsão para 2025.

Exercícios militares
A Força Naval brasileira é representada por 51 militares, a bordo do Navio de Apoio Oceânico “Iguatemi”, meio subordinado ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, Organização Militar com sede em Belém (PA).

Durante a operação, a tripulação do “Iguatemi” realizou o transporte de Tropa do 3º Regimento de Infantaria Estrangeiro do Exército Francês, que desembarcou no Centro Espacial de Kourou. O navio brasileiro também simulou manobra de evacuação aeromédica, realizada em conjunto com a Força Aérea Francesa, além de ter executado manobras de reboque de Navio-Patrulha da Marinha Nacional da França e transferência de carga no mar.


Navio brasileiro utilizado no exercício pode operar em conjunto com aeronaves, em manobras de “pickup” (transporte de carga por meio de um guincho na aeronave) e “vertrep” (transferência de carga entre navios por meio de um helicóptero) – Imagem: Marinha do Brasil 

“Na maior parte do evento, nós realizamos a chamada interdição de área marítima, que vem a ser o controle rigoroso de uma área, onde todas as embarcações que trafegarem por ali têm que ser positivamente identificadas. Durante esse evento, nós simulamos outros exercícios, como a necessidade de realizar tiro real, enviamos um grupo especial para efetuar revista em uma embarcação que estava, simuladamente, carregando material ilícito. Estou certo que, ao final de exercício, nossa interoperabilidade saiu fortalecida”, afirma o Comandante do Grupamento de Patrulha Naval do Norte, Capitão de Mar e Guerra Ondiara Barbosa.

Ameaças assimétricas
O programa de exercícios prevê adestramentos sobre prevenção e combate a ameaças assimétricas. Na doutrina militar, o conceito de ameaça assimétrica é considerado como nova tendência para conflitos internacionais ou entre nações e grupos não estatais, que não seguem o Direito Internacional para os embates armados. A execução de operações dessa natureza exige grande capacidade de comando e controle, com o aumento do emprego da inteligência.

A operação simulou aproximações furtivas, durante o período noturno, de embarcações operadas por grupos paramilitares. “Nosso oponente, nesse caso, não tem o mesmo poder de fogo que nós, nem utiliza de meios convencionais. Sempre com o propósito de causar algum dano material ou forçar que os procedimentos do uso da Força sejam feitos de forma inadequada. Quando esses contatos se aproximavam, nossa vigilância, muito atenta, iluminava com holofotes, chamava no rádio, tentava identificar positivamente, alertá-los para que pudessem se afastar e empregava, proporcionalmente, a força”, comenta o Comandante Ondiara Barbosa.

Navio de Apoio Oceânico (NApOc) “Iguatemi”
Incorporado à Marinha do Brasil em 2018, o NApOc “Iguatemi” está apto a operar em missões de apoio logístico, busca e salvamento, patrulha e inspeção naval. Com 63,40m de comprimento, o Navio é equipado com  duas metralhadoras 12,7mm (0,50 pol) e duas metralhadoras 7,62mm.

A Operação teve como propósito permitir o intercâmbio de conhecimentos e desenvolver a cooperação regional. Durante a comissão, foram realizados exercícios no mar, de transporte de tropa, reboque, manobras táticas, operações aéreas, tiro sobre alvo de superfície, além de ações de grupo de visita e inspeção.


Com propulsão feita por dois motores, o “Iguatemi” pode alcançar uma velocidade máxima de 13,5 nós (25 km/h) – Imagem: Marinha do Brasil 

Fonte: Agência Marinha de Notícias/FM

Share