Defesa inicia terceira etapa da Missão Xavante, em apoio a indígenas da Região Centro-Oeste

Na segunda-feira (10), uma equipe de saúde multidisciplinar das Forças Armadas partiu de Brasília rumo ao município de Barra do Garças, no estado de Mato Grosso. Trata-se da terceira e última etapa da Missão Xavante, operação interministerial envolvendo as Pastas da Defesa e da Saúde, com o intuito de reforçar o combate à COVID-19 em comunidades indígenas da região Centro-Oeste do Brasil.

Os 23 profissionais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, oriundos de várias partes do País, ficarão alojados durante toda a semana no 58º Batalhão de Infantaria Motorizado, localizado no município de Aragarças, em Goiás, que será a base da missão. De lá, nos três primeiros dias, seguirão 240 km para atendimentos no Polo Base Sangradouro e na aldeia Meruri.

Nos três dias seguintes, irão para o Polo Base Água Boa, a 250 km de Aragarças, e realizarão atendimentos no entorno, nas Aldeias Caçula, Pimentel Barbosa e Tritopá. O transporte diário será feito por meio de helicópteros Jaguar e Cougar, do Exército.

Para essa terceira fase da Missão Xavante, que ocorre no sudeste de Mato Grosso, o Ministério da Saúde enviou duas toneladas de suprimentos médicos, entre eles, equipamentos de proteção individual (EPI), medicamentos e testes para Covid-19.

Missão humanitária
Durante o embarque da missão, na Ala 1 (Base Área de Brasília), o que se via eram profissionais de saúde de Forças e origens diferentes, porém com um mesmo propósito: levar ajuda especializada à população indígena brasileira, que carece nesse momento de pandemia.

“Quando fiz o curso de saúde operacional foi com o intuito de participar de missões como a Operação Xavante. Então, acredito que estou no caminho certo! Vou de coração aberto e torço para que o meu melhor seja o suficiente para ajudar quem precisa”, disse a Tenente do Exército Carolina Garcia Rocha, do Comando de Operações Especiais, na capital goiana.

Movida por esse mesmo sentimento, a Tenente do Exército Maria Leticia Fernandes Oliveira, infectologista do Hospital Militar de Área de São Paulo, conta que participou da Missão Yanomami, em junho, em apoio os povos indígenas de Roraima.

“Foi uma experiência incrível. Poder conhecer brasileiros com cultura tão diferente, lugares tão distantes e ainda poder ajudá-los é indescritível. Sinto-me honrada e farei o melhor que puder pelos nossos irmãos de Pátria”, completou a médica.

A missão Xavante será a primeira ação com indígenas, para o Tenente da Marinha Eduardo Albuquerque Salgado, médico da Unidade Médica da Esquadra, e para a Tenente da Força Aérea Jéssica Bernardes Almeida da Silva dos Reis, enfermeira do Hospital Central da Aeronáutica, ambos no Rio de Janeiro.

“Eu sou enfermeira de formação, mas o desejo de ser militar nasceu justamente pelo meu sonho de querer atuar em ações humanitárias, operacionais, estar em localidades menos favorecidas. Então, me sinto muito realizada pela oportunidade e também na expectativa para cumprir com prontidão e excelência esse grande desafio”, declarou a tenente.

Protocolos rígidos no embarque

Para participar da missão, todos os integrantes precisam apresentar o exame molecular de RT-PCR negativo, sendo que, a partir do momento da coleta, ficam em quarentena. Além disso, antes do embarque para as terras indígenas, são realizados testes rápidos imunológicos (IgM e IgG) e inspeção sanitária para comprovar a ausência de sinais e sintomas que possam sugerir a doença pelo novo patógeno.

Na Ala 1, o Tenente da Força Aérea Rafael Saba Albertino, do Hospital das Forças Armadas de Brasília, junto com sua equipe, seguia os protocolos condicionantes para o embarque dos integrantes da missão. Entre esses, conferência de sinais vitais (frequência cardíaca, oximetria e temperatura corporal), entrevista dirigida para sintomas respiratórios, verificação do resultado do exame de PCR, realização e verificação do resultado de teste rápido. Por último, análise dos dados, em conjunto com os médicos do Ministério da Defesa, para verificação de aptidão para a missão.

“O objetivo da triagem respiratória é evitar que, na missão, sejam enviados civis e militares com quadro de Covid-19 e que estejam assintomáticos. Dessa forma, protegemos a população indígena”, destacou.

Missão Xavante

Em função da extensa área de abrangência populacional e territorial, a missão Xavante de apoio às comunidades indígenas da região Centro-Oeste do País foi dividida em três fases. Na primeira etapa, foram realizados atendimentos em aldeias dos Polos Campinápolis e São Marcos, no período de 27 de julho a 1º de agosto. Na segunda, a missão seguiu para São Félix do Araguaia, Santa Terezinha e aldeias da região, como Fontoura e Santa Izabel, entre 3 e 9 de agosto.

Ao todo, foram beneficiados mais de 12 mil indígenas durante a Missão Xavante. As populações atendidas são definidas de acordo com o estudo do perfil epidemiológico realizado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde.

Por Maristella Marzalek
Fotos: Sd Lucas – CCOMSEx

(MD ASCOM/FM)

Share