No incio da dcada de 1990, a participao da mulher e os direitos direcionados a ela comearam a ser questionados em vrios pases, inclusive na Fora Area Brasileira (FAB).
Foi a melhor oportunidade para que o ento Ministro da Aeronutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Mauro Jos Miranda Gandra, anunciasse o ingresso de mulheres no Instituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA). A declarao, ocorrida na Aula Inaugural da universidade em 1996, significava que a Aeronutica receberia Oficiais Engenheiras da Ativa e da reserva do sexo feminino.Assim, coube aos rgos responsveis adequar a legislao vigente, as instalaes para atender as ingressantes, bem como as normas para o concurso de admisso.
Considerado um dos vestibulares mais concorridos do pas, o ano de 1996 foi considerado um marco por ser o primeiro aberto s mulheres. De um total de 3.800 inscritos, que disputavam as 120 vagas disponveis, 530 eram mulheres, sendo queseisdelas foram aprovadas no concurso e duas optaram por estudar no Instituto.
Aspioneiras so Patrcia Silvia Rodrigues, que tinha 22 anos ao ingressar no curso de Engenharia de Infraestrutura Aeronutica, e a paulistana Karina Diogo de Souza, ento com 23 anos, que optou pelo curso de Engenharia Aeronutica.
Assim, com suas bases consolidadas, firmadas em um ensino de alta qualidade, uma posio favorvel no campo do ensino superior no Brasil e uma reputao notria, o ITA completava seus 50 anos formando as primeiras mulheres da Instituio.
Para a professora Maryangela Geimba de Lima, que foi docente da aluna Patrcia, a insero das meninas na graduao no afetou a rotina na sala de aula. No foi percebida nenhuma alterao significativa. A escola estava pronta para receb-las, na minha viso de professora, na poca.Hojeimagino a logstica por trs da primeira seleo de meninas, incluindo, principalmente, os alojamentos, ressalta a professora.
A professora Maryangela, que atualmente ocupa o cargo de Pr-Reitora de Pesquisa e Relacionamento Institucional do ITA, faz parte do corpo docente da escola desde 1993, um grupo composto por 297 professores, sendo 39 mulheres. Ela conta que a participao de mulheres na rea de exatas sempre foi reduzida em relao participao masculina. Eu iniciei Engenharia Civil em uma turma de 60 colegas, sendo 6 meninas. Esse percentual de 10% tem se mostrado constante nas distintas escolas. Entendo que o ITA no diferente neste aspecto, aponta.
O ITA j formou 160 mulheres nesses 20 anos, tendo uma mdia de 8 graduadas por ano. A participao feminina nos cursos de graduao ainda pequena, mas uma realidade que vem se modificando, uma vez que a busca por uma carreira na rea de exatas est cada vez mais frequente.
Aos poucos, as mulheres vmdemonstrando sua capacidade frente a um setor historicamente masculino. Pensando nesse cenrio, o ITA firmou parceria com aempresaJohnson&Johnsoncriando um projeto de incentivo ao ingresso feminino na rea de exatas.
Projeto Mulheres em STEM
Com o objetivo de incentivar e fomentar a participao das mulheres na rea de exatas e motiv-las a ingressarem no setor, foi criado o projetoSTEMD (Science, Technology, Engineering and Mathematics, Manufacturing and Design) II. Criado em 2016, o projeto busca motivarmulheres a ingressarem em cursos de Cincias, Tecnologia, Engenharia, Matemtica, Manufatura e Design.
Destinadoa adolescentes e jovens de So Jos dos Campos SP, so realizadasoficinas prticas, workshops, mentorias de carreira e autoconhecimento para 27 alunas cadastradas. O projeto tambm desenvolve outras iniciativas, como palestras, eventos e atividades em escolas de ensino fundamental e mdio, alm de parcerias com cursinhos pr-vestibulares.
Fotos: Arquivo ITA
(CECOMSAER/FM)