A equipe de 23 militares profissionais de Saúde das Forças Armadas que reforçam o atendimento médico na região do Vale do Javari, no interior do Estado do Amazonas, foi dividida em dois grupos para melhor atender os pacientes. Um grupo foi para Atalaia do Norte, enquanto outro seguiu para a região onde fica o Pelotão Especial de Fronteira de Palmeiras do Javari.
A missão, que partiu de Brasília na quarta-feira (17), deu início aos atendimentos na quinta-feira (18). Com o acompanhamento de profissionais de enfermagem do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI) do Vale do Javari, os militares de saúde que se deslocaram para Atalaia do Norte atenderam a população em quatro pontos: na Unidade Básica de Saúde Dona Joana, nas Escolas Estaduais Carmosina Baima e Pio Veiga, além de um posto específico para receber indígenas, o Univaja.
A Coronel Lucia, médica da Aeronáutica, liderou a equipe em Atalaia do Norte. Ao fim do dia, somaram 122 atendimentos. “Unimos forças com os profissionais de saúde do município de Atalaia do Norte e do Estado do Amazonas, nesta missão conjunta dos Ministérios da Defesa e da Saúde, com a finalidade de estreitar o enfrentamento municipal à pandemia de Covid-19 e proporcionar atendimento médico nas diferentes especialidades. O diferencial dessa missão é a proposta de atender a população indígena do Vale do Javari”, destacou. A médica acrescentou que apenas um paciente foi encaminhado ao hospital, com sintomas moderados da Covid-19.
Palmeiras do Javari
Acompanhados por representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), a outra parte da equipe prestou assistência às comunidades indígenas e não indígenas, situadas próximas ao Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Palmeiras do Javari. Esse Pelotão está subordinado ao Comando de Fronteira Solimões / 8º Batalhão de Infantaria de Selva. No local, foram realizados 59 atendimentos e consultas médicas nas especialidades de ginecologia, pediatria, ortopedia e clínica geral.
Uma das atendidas, Maria Vieira da Costa, 75 anos, contou que, para ter acesso a uma consulta médica, precisa ir para Atalaia do Norte ou Tabatinga, a uma distância de sete dias de barco. “Essa visita é muito boa para todos nós, porque o atendimento especializado aqui é muito difícil”.
Na parte da tarde, a equipe de saúde seguiu para a aldeia Cruzeirinho, às margens do rio Javari. Nessa comunidade, vivem 32 famílias de indígenas da etnia Mayuruna. Lá, foram atendidos cerca de 19 indígenas, principalmente crianças.
O líder da aldeia, Bene Mayuruna, falou que muitos indígenas foram para a roça de cultivo de mandioca para se isolarem e evitar, assim, o contato com a comunidade ribeirinha ou com pescadores da região.
Conforme o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de 18 de junho há, atualmente, entre os indígenas do Vale do Javari, somente dois casos de infectados e nenhum óbito. Dos 42 casos que surgiram na área, 40 já tiveram cura clínica.
Área indígena
A região do Vale do Javari é a segunda maior área indígena do Brasil, localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do Estado do Amazonas. A região possui população aproximada de 7 mil indígenas de sete etnias diferentes, que vivem em uma área de 85.445 km².
A operação interministerial das pastas da Defesa e da Saúde, além dos 23 profissionais, transportou 70 mil itens de proteção individual e insumos médicos para reforçar a assistência à saúde e o enfrentamento à Covid-19 entre os indígenas. Os materiais foram destinados ao Hospital Municipal de Atalaia do Norte, que é referência de atendimento em toda a região do Vale do Javari, e ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Vale do Javari, para atendimento nas aldeias. A missão prossegue até domingo (21), com atendimentos e assistência médica na região.
Por Maristella Marszallek, com informações Coronel Roberto Tomita
Fotos: divulgação Forças Armadas
(MD ASCOM/FM)