São Paulo – Forças Armadas bem adestradas e equipadas são primordiais para proteger o País de eventuais ameaças externas. A afirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, ao ministrar a aula inaugural do XXVIII Ciclo de Estudos em Políticas e Estratégia do curso de MBA em Gestão de Negócio e Estratégia Militar da Unip de Santos (SP), nesta terça-feira (23).
O ministro da Defesa explicou aos estudantes que, apesar de o Brasil ter uma longa trajetória sem envolvimento em conflitos militares, a situação mundial é “pontilhada por incertezas”. Esse quadro poderia colocar o país diante de uma circunstância que exigisse uma resposta de defesa – que, segundo o ministro, só poderia ser dada com eficácia pelas Forças Armadas.
“Não podemos assumir que nada ocorrerá. Sendo um país que detém reservas naturais importantes, podemos, sim, ser objeto de cobiça internacional”, disse Amorim.
“Não é uma visão paranoica, mas as situações do mundo são variáveis , existem conflitos em determinadas partes do mundo causadas por fundamentalismo e por interesses econômicos. É preciso saber que dessas rivalidades podem se produzir situações que exijam repostas de nós”, continuou o ministro, lembrando que o Brasil se viu forçado a participar da II Guerra Mundial para proteger seus interesses.
Celso Amorim ressaltou que a população está habituada a ver a atuação da Marinha, do Exército e da Aeronáutica apenas em grandes eventos, como a visita do Papa ou a Copa do Mundo, ou em grandes tragédias como enchentes e deslizamentos.
Na visão do ministro, é preciso que toda a sociedade brasileira compreenda que, embora sejam essas funções de extrema relevância, essa não é a vocação primária das Forças Armadas. “A vocação primária das Forças é a defesa do País”, ressaltou.
Amorim destacou que estudantes interessados em estudar gestão de negócios com ênfase em estratégia militar precisam estar atentos ao valor das Forças Armadas, para sensibilizar a sociedade sobre a importância de o país dispor de um segmento militar sólido, que conte com recursos necessários e com uma base industrial de defesa robusta, como prevê o Livro Branco e a Estratégia Nacional de Defesa (END).
“Nossa base industrial de defesa não só cria empregos e gera tecnologia, mas nos dá a garantia de que a nossa proteção e a nossa defesa estará, principalmente, nas nossas mãos. Não podemos permitir que, numa situação extrema, não tenhamos acesso a determinada chave para um armamento porque ela é detida por determinado país estrangeiro. Temos que desenvolver a nossa própria tecnologia. E é o que temos procurado fazer”.
Por fim, Celso Amorim prestou uma homenagem ao trabalho das Forças Armadas que, segundo ele, atuam “cada vez mais imbuídas do sentido profissional, sem qualquer conotação política”.
Para o ministro, num país democrático como o Brasil, onde é incontestável o poder civil, a existência de Forças bem adestradas e bem equipadas é absolutamente essencial. “Não há contradição entre defesa e democracia, elas se reforçam mutuamente”, concluiu.
Foto: Tereza Sobreira
(MD ASCOM/ FM)