Acidentes podem ser evitados com planejamento para mau tempo

Palestrante de encontro de segurança de voo destaca perigo do voo visual em más condições climáticas

“O bom piloto não é o que sai de uma situação crítica, é aquele que não entra”. A frase é do Comandante Nilton Cícero Alves, diretor de ensino da escola de aviação civil EFAI, que ministrou palestra sobre o voo de helicópteros em condições climáticas adversas durante o III Encontro de Segurança de Voo para Asas Rotativas, realizado na terça-feira (27/10), em São Paulo (SP).

voo 1Piloto de helicópteros desde 1987, o aviador apresentou dados sobre os acidentes causados em condições de voos por instrumentos. De acordo com ele, somente 2% das ocorrências têm como fator contribuinte a entrada não planejada em situação de voo sem condições visuais. Porém, o índice de letalidade é alto: 87% dos casos acabam com a morte de tripulantes e passageiros. “É um acidente raro de acontecer, mas quando acontece normalmente é fatal”, conta.

Sem enxergar o solo nem o horizonte, a capacidade de se orientar é reduzida a 20%. “Nosso sistema de orientação é baseado no visual. Quando você não tem referência com o terreno, perde 80% da sua capacidade de orientação”, explica. Em sua apresentação, citou o estudo da Universidade de Illinois que mostrou o tempo médio para a desorientação de um piloto não preparado para voo por instrumentos: 178 segundos. “Só com esses 20% é muito difícil a gente conseguir se orientar, por isso a necessidade de se confiar nos instrumentos das aeronaves”, completa o Comandante.

voo 2Para ele, há  três passos para evitar acidentes deste tipo. Primeiro, o planejamento: saber a meteorologia na rota e outras variáveis. Segundo, o chamado “ponto de decisão em rota”, isto é, limites mínimos de altura e de velocidade de voo para poder prosseguir na rota. “Se o planejamento falhou, se a decisão falhou, aí é que entra a habilidade de pilotagem para ele lidar com a situação, manter a calma”, conclui.

“O treinamento tem que ser mais voltado à doutrina de segurança de voo”, afirmou o Comandante Nilton Alves. Além disso, empresas e proprietários de aeronaves precisam também aceitar quando o piloto afirmar não ser possível voar em determinada situação.

voo 3O III Encontro de Segurança de Voo para Asas Rotativas foi promovido pelo Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV).

(CECOMSAER/ FM)

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