No dia 28 de maio, uma equipe de pesquisadores brasileiros, composta pelo Dr. Gilberto Pires de Azevedo, Engenheiro e Pesquisador do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), pelo Major Maxli Barroso Campos, especialista em segurança e defesa cibernética do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) e pelo Coronel Paulo César Pellanda, professor e pesquisador do Instituto Militar de Engenharia (IME), apresentou o artigo intitulado Addressing the Cybersecurity Challenges of Electrical Power Systems of the Future, na edição de 2020 da Conference on Cyber Conflict (CyCon). A conferência é organizada todos os anos, desde 2009, pelo CCDCOE – Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence, centro de defesa cibernética credenciado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Sediado em Tallin, na Estônia, o CCDCOE é uma organização militar internacional estabelecida pela OTAN, em maio de 2008, em decorrência dos primeiros ataques cibernéticos com motivação política contra a Estônia, ocorridos em 2007. Os ataques funcionaram como um alerta para outras nações membros da OTAN sobre a crescente relevância das ameaças em potencial no domínio cibernético. Esse centro de defesa cibernética realiza pesquisas, treinamentos e exercícios em 4 áreas principais: tecnologia, estratégia, operações e direito. O centro possui uma equipe diversificada de especialistas internacionais oriunda das Forças Armadas, governo, academia e indústria, atualmente representando e apoiando 25 nações com conhecimento em defesa cibernética e permitindo uma abordagem única para alguns dos problemas mais relevantes de defesa cibernética.
Ao longo dos anos, a CyCon se estabeleceu como uma importante conferência multidisciplinar, fórum para trabalhos e painéis com foco nas perspectivas técnicas, jurídicas, políticas, estratégicas e militares de defesa e segurança cibernética. A edição de 2020, realizada de 26 a 28 de maio, intitulada 20/20 Vision: The Next Decade, teve por objetivo investigar questões sobre como o ciberespaço e como os conflitos cibernéticos continuarão a evoluir na década de 2020, quais são as tecnologias emergentes, políticas e estruturas legais que moldarão o futuro nos níveis social e pessoal e como se pode garantir que o ciberespaço, aberto continuamente à inovação tecnológica, seja mais transparente, previsível e seguro.
Os 19 artigos constantes da CyCon 2020, que serão publicados em colaboração com o IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers, refletem os 3 aspectos tradicionais da CyCon – técnico, estratégico e legal –, trazem novas ideias, mas também reinterpretam conceitos tradicionais. Os tópicos abrangem desde inteligência artificial, armas autônomas ou serviços em nuvem, passando por redes de distribuição de energia elétrica e segurança de sistemas de controle industrial, chegando às respostas disponíveis aos estados sujeitos ao direito internacional.
O artigo publicado pelos pesquisadores brasileiros foi o único que examinou, na perspectiva da cibersegurança, os sistemas de energia elétrica, sua estrutura tradicional e as mudanças previsíveis devido à convergência de fatores ambientais e ao advento de novas tecnologias, discutindo como mitigar os riscos associados.
O trabalho foi motivado pelo projeto em andamento do “Centro de Estudos Avançados em Proteção de Infraestruturas Estratégicas”, que incorpora a implementação, no IME e na Fundação Parque Tecnológico Itaipu-Brasil (FPTI-BR), do “Laboratório de Segurança Cibernética – LaSC: Ambiente de Tecnologias de Informação e Automação Aplicadas em Sistemas Elétricos”, objetos do Acordo de Parceria para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no EME 18-040-00 e no ITAIPU 4500049330, celebrado em 6 de julho de 2018, entre a União, representada pelo Comando do Exército Brasileiro, por intermédio do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), a Itaipu e a FPTI-BR, em que participam como intervenientes 3 Organizações Militares do DCT: o Centro Integrado de Telemática do Exército, o Centro de Desenvolvimento de Sistemas e o IME.
Durante a realização do painel em que foi apresentado o trabalho que representava o Brasil na CyCon 2020, os pesquisadores estrangeiros que participaram dos debates foram unânimes em destacar o setor elétrico como um alvo preferencial de ataques cibernéticos, em um cenário próximo.
(CCOMSEX/FM)