Satlite Geoestacionrio de Defesa e Comunicaes Estratgicas (SGDC) est em fase de testes e profissionais se preparam para controlar o equipamento que vai levar banda larga a todo o Pas e garantir comunicao segura ao governo brasileiro
em Cannes, cidade ao sul da Frana, que o Satlite Geoestacionrio de Defesa e Comunicaes Estratgicas (SGDC) passa, a partir do ms de abril, por testes para simular as condies encontradas no espao. Com 5,8 toneladas e cinco metros de altura, o satlite ser levado para um suporte que o faz vibrar, simulando as condies de lanamento.
J para os meses de junho e julho est prevista a campanha de testes de comunicaes. Dentro de um cmara anecica, que no reflete as ondas de rdio, sero avaliadas a qualidade do sistema e das antenas responsveis por transmitir e receber os sinais. O primeiro teste do satlite, iniciado em maro, foi o trmico: o equipamento foi colocado em uma cmara de vcuo e submetido a temperaturas entre -100 C a 125 C.
Os testes fazem parte da fase final de preparao para o lanamento, previsto para o segundo semestre de 2016. O SGDC ficar posicionado a uma distncia de 36 mil quilmetros da superfcie da Terra, cobrindo o territrio brasileiro e o oceano Atlntico. Veja, na pgina 49, o infogrfico que representa a cobertura do SGDC.
De l, o satlite vai se comunicar com uma antena de 18 metros de altura, 13 metros de dimetro e 42 toneladas, localizada em Braslia (DF). Uma segunda antena, em um centro de controle secundrio, ficar no Rio de Janeiro (RJ).
No espao, por meio da banda Ka, o SGDC ter capacidade para tramitar 54 gigabits por segundo, sendo considerado pelo Governo Federal como prioritrio para expandir o acesso banda larga em regies remotas do pas. Ao mesmo tempo, por meio da banda X, o satlite ser utilizado para transmisses militares.
O projeto, uma parceria entre os ministrios da Defesa, das Comunicaes e da Cincia, Tecnologia e Inovao, um investimento da ordem de R$ 1,7 bilho. A expectativa entrar em servio no incio de 2017, aps um perodo de ajustes, e permanecer ativo durante quinze anos.
Participao brasileira
De olho no desempenho do satlite esto brasileiros como o Tenente-Coronel Christian Taranti. Engenheiro eletrnico da Fora Area Brasileira e doutor pela Naval Postgraduate School (EUA), o militar atua na definio dos procedimentos de controle da rbita do satlite, nos procedimentos de voo e na engenharia de sistemas do satlite. Minha atuao particular, tanto no segmento de solo quanto no satlite. Isto me permite uma viso global, identificando interdependncias entre o satlite, a estao de solo e os clientes, no caso militares e civis, explica o engenheiro.
A participao dos brasileiros em todas as etapas, construo, montagem e testes, permite a cada um conhecer melhor os procedimentos e tambm as dificuldades prticas encontradas em cada rea de atuao (trmica, mecnica e comunicaes). Outros parmetros devem ser levados em considerao e contornados para que os resultados previstos durante o projeto do satlite, possam ser validados e confirmados durante os ensaios.
So cerca de 30 profissionais brasileiros, oriundos da Agncia Espacial Brasileira, Telebras, Visiona, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ministrio da Defesa, que acompanham o processo, cada um dedicado a uma rea especfica. A presena de profissionais brasileiros, militares e civis, faz parte do processo de absoro de tecnologia. O conhecimento detalhado vai permitir que eles identifiquem e resolvam possveis falhas de funcionamento que possam vir a surgir durante os 15 anos de vida til do satlite. A expertise tambm ser til s organizaes em projetos futuros de novos satlites.
A viso geral sobre o funcionamento, desenvolvimento e fabricao do SGDC considerada pelas organizaes brasileiras como um passo importante para que o Centro de Operaes Espaciais (COPE) possa, futuramente, especificar e contratar novos satlites, tanto em relao infraestrutura de solo como a parte espacial. Cada um est sendo exposto no s a novas tecnologias, mas principalmente novos conceitos, novas formas de trabalhar. Diversos pontos do projeto e da operao de satlites vo sendo, aos poucos, compreendidos e desmistificados, analisa o Tenente-Coronel.
(CECOMSAER/ FM)