Desde o início da Operação Covid-19, o Ministério da Defesa tem demonstrado seu potencial de comando e controle das Forças Armadas Brasileiras em todo o País. A complexidade da operação exige elevado grau de planejamento e de grande capacidade técnica para superar, com eficiência, os inúmeros obstáculos advindos da extensão territorial brasileira.
A mais poderosa aliança militar da atualidade, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com sede em Bruxelas/Bélgica, possui 30 membros e engloba quase todo o continente europeu, além dos Estados Unidos da América e do Canadá. Excluindo-se esses dois países, a área territorial abrangida por essa importante estrutura de guerra possui, aproximadamente, 4,7 mil Km², tamanho inferior aos 8,5 mil Km² do território brasileiro. Tal comparação já demonstra um dos óbices que o Brasil tem que sobrepujar.
Para planejar, coordenar e acompanhar a Operação Covid-19, faz-se necessária estrutura de comando e controle que viabilize essas atividades. A Subchefia de Comando e Controle da Chefia de Operações Conjuntas é a responsável por estabelecer a comunicação entre os 10 Comandos Conjuntos Ativados e o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A estrutura usada para isso é o Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²), que possui os meios necessários para estabelecer todos os enlaces a fim de que as ordens emanadas do EMCFA cheguem aos Comandos Conjuntos e esses recebam os relatórios diários permitindo o controle das ações planejadas.
Consciência situacional
O Centro de Operações Conjuntas do MD é o órgão central do SISMC² responsável por prover o processamento das ordens e dos relatórios, aumentando a consciência situacional das autoridades tomadoras de decisão. Nesse Centro, todas as áreas do EMCFA, que é encarregado pela condução das operações conjuntas do MD, estão representadas como: logística (CHELOG); Chefia de Assuntos Estratégicos (CAE), Operações (SC-3); Inteligência (SC-2) e Comando e Controle (SC-1).
A estrutura de rede usada como o meio físico no qual tramitam os documentos operacionais é estabelecida permanentemente e conta com as redes das três Forças Armadas para aumentar sua capilaridade, atingindo praticamente todas as Unidades operacionais das Forças Singulares. Por exemplo, um relatório emitido pelo Comando Conjunto da Região Norte, localizado em Manaus, chega de maneira segura e imediata logo após ser emitido pelo seu Comandante. Isto acontece graças a rede lógica segura estabelecida pelo SISMC².
Nas regiões desprovidas de enlaces físicos, o SISMC² complementa-se por meio de terminais de comunicação por satélite, utilizando-se do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), operado pelo Centro de Operações Espaciais (COPE). O uso dos terminais é demandado pelas Forças Singulares, sob coordenação e autorização da SC-1, em apoio às operações contra a pandemia de coronavírus. Cada terminal pode prover comunicações de dados, voz e imagem em tempo real e em canal seguro, para que centros de C² consigam estabelecer os contatos necessários.
Além de estabelecer ligação com os Comandos Conjuntos, o sistema também se comunica diretamente com os centros de operações da Marinha Brasileira, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira.
É nesse contexto, operando 24 horas por dia, que essa complexa estrutura de comando e controle demonstra a capacidade de emprego das Forças Armadas Brasileiras.
Operação COVID-19
O Ministério da Defesa ativou, em 20 de março, o Centro de Operações Conjuntas, para atuar na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate à COVID-19. Nesse contexto, foram ativados dez Comandos Conjuntos, que cobrem todo o território nacional, além do Comando Aeroespacial (COMAE), de funcionamento permanente. A iniciativa integra o esforço do governo federal no enfrentamento à pandemia que recebeu o nome de Operação COVID-19.
As demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, de apoio a órgãos estaduais, municipais e outros, são analisadas e direcionadas aos Comandos Conjuntos para avaliarem a possibilidade de atendimento. De acordo com a complexidade da solicitação, tais demandas poderão ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determinará a melhor forma de atendimento.
Por Coronel Fontes, Exército Brasileiro
Fotos: Igor Soares e divulgação Ministério da Defesa
(MD ASCOM/FM)