Diplomacia e Defesa: Oficiais-generais relatam experiências de projeção internacional das Forças Armadas

Brasília, 10/04/2015 – Ao longo do seminário “Diplomacia e Defesa”, oficiais-generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica apresentaram suas experiências de cooperação com nações-amigas, exercícios conjuntos e outras atividades de aproximação do país com a área internacional. Encerrado no dia 9 de abril, o evento, promovido pela Chefia de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa, também fez parte do Curso de Diplomacia de Defesa, promovido pela Escola Superior de Guerra.

Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, do Estado-Maior da Armada: Atlântico Sul é a prioridade da Marinha do Brasil
Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, do Estado-Maior da Armada: Atlântico Sul é a prioridade da Marinha do Brasil

O subchefe de Estratégia do Estado-Maior da Armada (EMA), almirante Flávio Augusto Viana Rocha, falou sobre a importância de se estreitar o relacionamento com as forças navais amigas e aumentar o compartilhamento de informações nas áreas marítimas.

A Marinha do Brasil possui acordos de cooperação com os sete países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São-Tomé-e-Príncipe e Timor Leste. Também atua nos marcos da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) – órgão das Nações Unidas que tem o Brasil entre seus 24 membros.

O Atlântico Sul é uma das prioridades da Marinha, já que é onde se localiza a chamada Amazônia Azul, espaço marítimo que integra as Águas Jurisdicionais Brasileiras com uma dimensão de cerca de 4,5 milhões de km². É na Amazônia Azul que se concentram as bacias petrolíferas da Camada Pré-Sal e os diversos portos que resultam em cerca de 95% do comércio marítimo.

No Golfo da Guiné, por exemplo, existe a preocupação em ampliar a troca de informações entre as marinhas devido ao foco de ameaças constantes de pirataria. Assim, a Marinha do Brasil firmou, desde 2010, um acordo de cooperação e intercâmbio de informações do trafego marítimo. Foram agrupados três tipos de sistemas de comunicação, como o de controle de tráfego marítimo italiano, o Service-oriented infrastructure for Maritime Traffic tracking (SMART), o de Cingapura, Automatic Identification System (AIS) com o Sistema brasileiro de Informações Sobre o Tráfego Marítimo (SISTRAM).

Exército

Em sua palestra, o general Joarez Alves Pereira, da 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (EME), avaliou que “a diplomacia e a capacidade de uso das Forças sempre andaram juntas nos países que exercem influência global”. O oficial acredita que o principal objetivo do Exército neste escopo é ampliar a projeção da Força no cenário internacional.

Em sua explanação, Joarez afirmou que a cooperação em defesa é uma das estratégias para se alcançar esta projeção. “No campo da defesa, o Exército desenvolve programas como missões de instrução militar, assessoramento técnico-profissional e participações em missões de paz e humanitárias”, explicou.

O representante do EME acrescentou que a Força Terrestre realiza conferências bilaterais de Estado-Maior objetivando estreitar laços de parceria nas áreas de pessoal, ensino, inteligência, operações, doutrina, logística, ciência e tecnologia, entre outros. “Em 2015 estão previstos eventos com representantes do Canadá, Chile, Estados Unidos, França, Reino Unido, Uruguai e Venezuela”, disse.

Com a finalidade de aprofundar o relacionamento com os Exércitos africanos, o Estado-Maior criou o Projeto África, que está possibilitando, por exemplo, a implantação de equipes móveis de treinamento, formação de forças especiais da África do Sul e intercâmbios com centros de operações de paz.

Outro fórum de diplomacia militar é a Conferência dos Exércitos Americanos. Criada em 1960, com a finalidade de troca de experiência entre as Forças Terrestres do continente americano, ela é composta atualmente por 20 exércitos membros, cinco exércitos observadores e dois organismos observadores. “Também estamos procurando avançar em exercícios militares internacionais”, declarou o general.

Neste sentido, 22 operações estão planejadas para 2015 em conjunto com Argentina, Canadá, Estados Unidos, China, Suécia, Paraguai, Espanha, Portugal, África do Sul, Peru, Equador, Chile e Colômbia.

Conforme o titular do Estado-Maior, o Exército quer fazer a divulgação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) para os países da região Amazônica já que a vigilância fronteiriça interessa a todos. “Ainda este ano, iremos fazer uma visita a Dourados (MS) para que os adidos militares conheçam o Sisfron”.

As missões de paz são outro instrumento utilizado pela diplomacia militar do Exército. A Força participa com 1.472 militares em operações das Nações Unidas espalhadas pelo mundo. “Neste campo, o nosso desafio é elevar o nível das tropas, com um perfil mais especializado”, comentou.

Força Aérea Brasileira

O representante do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), brigadeiro Ricardo Reis Tavares, discorreu sobre a projeção da Força Aérea Brasileira (FAB) no cenário internacional, sobretudo em atividades como encontros bilaterais, reuniões e capacitações. “Com esses eventos, você vai aumentando o conhecimento e a cooperação com outras nações”, acrescentou.

Brigadeiro Ricardo Reis Tavares, do EMAER: Ajuda humanitária é uma das estratégias de projeção internacional da FAB
Brigadeiro Ricardo Reis Tavares, do EMAER: Ajuda humanitária é uma das estratégias de projeção internacional da FAB

Tavares citou, como exemplo, os encontros com chefes de Estados-Maiores, que acontecem a cada dois anos, e o exercício CRUZEX Flight, de manobra e doutrina realizado em conjunto com diversos países.

Ações de ajuda humanitária foram lembradas pelo brigadeiro Reis como outros elementos de diplomacia de defesa. Sobre isso, o oficial-general explicou que desde 1961 existe o Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA). Com sede em Tucson, no Arizona, a organização tem por foco a realização de operações de auxílio a desastres naturais

“Ajuda humanitária e solidariedade também são diplomacia de defesa”, sentenciou. Entre os eventos desta natureza estão transporte de feridos, ações cívico-sociais, entrega de mantimentos e apoio em catástrofes.

Foto: Tereza Sobreira

(MD ASCOM/ FM)

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