Ex-Combatente revive ltimo tiro brasileiro em solo italiano, que ajudou a restabelecer a paz mundial

Barueri (SP) O 20 Grupo de Artilharia de Campanha Leve (20 GAC L) comemorou, em 27 de abril de 2018, os 73 anos do ltimo Tiro da Fora Expedicionria Brasileira (FEB), momento em que foi rememorada a ao histrica do ento o 1/2 Regimento de Obuses 105 Autorrebocado do III Grupo 105 FEB (como a Unidade era denominada poca), na Segunda Guerra Mundial, ocorrida em 29 de abril de 1945.

Durante a solenidade,no ptio de formatura do 20 GAC L, em Barueri, o responsvel por conduzir a ltima Misso de Tiro da FEB em solo italiano, o Coronel R/1Amerino Raposo Filho, foi homenageado, bem como o Tenente R/1RubensBera, ambos Ex-Combatentes.

A cerimnia contou com a presena de autoridades civis e militares, dentre elas, o General de Exrcito R/1Rui Alves Cato, antigo Comandante do 20 GAC L; o General de DivisoEduardoDiniz, Comandante da 2 Diviso de Exrcito; e o General de BrigadaMrio Fernandes, Comandante da 12 Brigada de Infantaria Leve.

Ao recordar-se dos 73 anos do ltimo tiro da Artilharia brasileira, reverencia-se, tambm, a memria de nossos Ex-Combatentes. Esse foi o dia em que a FEB mostrou que o brasileiro tem coragem para lutar pelos valores mais elevados da humanidade; o dia em que mostramos a nossa fora diante do combate; o dia em que se provou que nosso valoroso e estimado Pas, representado pelos bravos combatentes da Fora Expedicionria Brasileira, estava apto a vencer, graas ao herosmo de bravos soldados, que constituiu um fator decisivo para restaurar a paz e a liberdade no mundo.

 

O ltimo Tiro de Artilharia em solo italiano

O excerto da matria escrita porValmiki Erichsen, Capito de Artilharia, Ex-Comandante da 2 Bateria do III Grupo, foi publicado no Jornal do Brasil em 28 de abril de 1946 e retrata bem essa vigorosa atuao denossos militares. Nesse trecho, descrito, em detalhes e de forma que no se encontra em livros didticos, o combate travado e vencido 1h 45min do dia 29 de abril de 1945.

Estamos quase no fim da primavera. Os alemes descontrolados e atacados por todos os lados, procuram fugir para o norte. A Infantaria brasileira, sem dar trgua, persegue o inimigo na sua carreira desenfreada.

(…)

s 13h, comeou a se movimentar pela estrada o Batalho. Tive a impresso de estar em uma boa poltrona de um dos nossos cinemas, pois foi uma avanada cinematogrfica ao encontro do inimigo. Os nossos pracinhas, alegres e cantarolando, apinharam-se em cima dos tanques americanos. Talvez nenhum dos nossos pracinhas estivessem pensando que a morte poderia surpreend-los 2 km frente. Logo atrs, tinham os jipes dos Comandantes das Companhias e dos Observadores Avanados. Dos lados das estradas, desenvolvia-se a outra Companhia em coluna por um e a Companhia de Obuses ia aps os jipes. Assim, ao lado do Comandante do Batalho, assisti ao desenvolvimento de todos os elementos da batalha.

(…)

O TenenteS Eapppresenciou uma triste ocorrncia quando o TenenteMonteiro, Comandante do Peloto de Minas do 6 RI, foi atingido por diversos estilhaos de uma granada que arrebentou em cima deles. O TenenteMonteiromandou este recado para a sua progenitora: ‘Diga a mame que nunca tive medo.’ Hoje, o TenenteMonteiroj Capito e acha-se completamente restabelecido.

(…)

Sem nada estar vendo, comandei uma rajada para a linha de fogo, a fim de mostrar aos Tedescos que possuamos artilharia e acalmar um pouco os nossos. Mais tarde, vim a saber que estes tiros foram bastante eficientes, pois o nmero de soldados inimigos era to grande que, em qualquer lugar que os tiros cassem, teriam resultado positivo.

Suportaram os nossos infantes dois contra-ataques dos Tedescos, pois o TenenteValena, com sua calma peculiar, satisfez a todos os pedidos de tiros solicitados. Assim, ajudamos muito a Infantaria a no recuar um palmo sequer.

Cessada um pouco a violncia do combate, apareceram na estrada trs oficiais alemes, que vinham em nome do GeneralPic, propor a rendio da j clebre 148.

(…)

Para os artilheiros, foi um prazer saber que um dos primeiros pedidos dos oficiais Tedescos era que os tiros de artilharia cessassem.

s 17 h, comeou o espetculo que nunca sair da memria dos que tiveram a felicidade de apreci-lo.Era a rendio da 148 Diviso de Infantaria Alem.

 

O Brasil saiu da neutralidade

Essas palavras do CapitoErichsentornam evidente a coragem de nossos homens frente batalha e a numerosos inimigos que estavam sob o comando deAdolf Hitler, que tentava incutir no seu povo a doutrina da superioridade racial e da invencibilidade blica; alm de Mussolini, na Itlia, com seus ideais de grandeza, pretendendo restabelecer o antigo e poderoso Imprio Romano.

O Brasil saiu da neutralidade para dar uma resposta, no s pelo navio brasileiro, o Taubat, bombardeado e metralhado durante 70 minutos, numa ao de zombaria e provocao, mas por um objetivo maior. Na verdade, o Brasil saiu da neutralidade para dar uma resposta acima de seu interesse individual: foi uma resposta de solidariedade para com os pases que vinham sendo oprimidos e humilhados. Uma resposta de que o inimigo no poderia exterminar povos inteiros por conta do mais leviano e indecente preconceito. Nossa resposta aos inimigos foi dada e custou muitas vidas. Ainda assim, foi decisiva, digna de honra e, acima de tudo, vitoriosa e libertadora.

(CCOMSEX/FM)

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