Mapeamento da base industrial de defesa ajudará governo a elaborar políticas públicas para o setor

Um estudo encomendado pelo Ministério da Defesa traçará um mapeamento completo de todas as indústrias de defesa do Brasil. Realizado pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) em parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o levantamento mostrará quantas e quais são essas empresas, seus principais produtos, objetivos, desafios e dificuldades.

Ensaio destrutivo

O diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, brigadeiro José Euclides, explica que o estudo contribuirá com a elaboração de ações que atendam mais diretamente às necessidades do setor.

“É um levantamento importante porque, com essas informações em mãos, você passa a ter um diagnostico dessa base para que você possa direcionar políticas públicas de governo”, disse.

O estudo prevê a aplicação de questionários e a realização de entrevistas, sempre buscando ouvir três ou mais empresas de cada segmento (como de armas, alimentos, roupas ou veículos, por exemplo). O que se busca com esse trabalho, segundo a líder das Indústrias do Setor de Defesa da ABDI, Larissa Querino, é ter uma visão geral da situação de cada categoria da indústria de defesa.

“O importante não é conhecer a empresa, e sim, o setor”, ressalta. Larissa explica que, de forma geral, as principais dificuldades do empresariado já são conhecidas. Entretanto, segundo ela, “com dados atuais será possível subsidiar o governo com informações necessárias para preencher gargalos, atacar o que for necessário e, especialmente, em que medidas governo e setor privado podem trabalhar juntos para vencer essas barreiras”, avaliou.

Atualmente, como não existe nenhum tipo de regra que estabeleça a necessidade de cadastro, nem toda empresa de defesa se inscreve nos bancos de dados geralmente utilizados, como o sistema da ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) ou o do SisCaPED (Sistema de Cadastramento de Produtos e Empresas de Defesa). Por isso, as informações sobre as empresas de defesa já existentes não trazem um retrato completo da situação.

A coordenadora técnica do projeto no Ipea, Flavia Schmidt, explica que, com esse diagnostico, será possível estipular políticas industriais que incentivem de fato o desenvolvimento cientifico e tecnológico do setor.

“Muitas vezes, se trabalha muito olhando para o cenário internacional, mas nem tudo se aplica à realidade do Brasil”, explica. “Com o estudo, será possível construir políticas consistentes com a realidade do país, aliando a demanda em defesa do país à realidade das nossas empresas”, disse a pesquisadora.

Mapeamento da base industrial de defesa 2

Etapas do Mapeamento

Na 1ª etapa do levantamento, os pesquisadores mapearam aproximadamente 800 empresas que foram divididas em oito categorias: 1) Armamentos, Munições e Explosivos; 2) Sistemas Eletrônicos e Sistemas de Comando e Controle; 3) Plataforma Terrestre Militar; 4) Plataforma Aeronáutica Militar; 5) Plataforma Naval Militar; 6) Propulsão Nuclear; 7) Sistemas Espaciais voltados para Defesa e 8) Equipamentos de Uso Individual.

Na 2ª etapa do estudo, em andamento atualmente, todas as empresas foram convidadas a responder um questionário via internet (web survey) com cerca de 40 perguntas sobre produção, inovação, relações com o governo e Forças Armadas e mercado externo. Esse questionário estará disponível até o próximo dia 12 de setembro. Também já foram realizadas visitas em aproximadamente 25 empresas e outras entrevistas ainda serão feitas.

A previsão é de que o levantamento, intitulado de Mapeamento da Base Industrial de Defesa, seja concluído até o final deste ano para ser apresentado no início de 2015. O trabalho deverá ser divulgado em fóruns, eventos e encontros de defesa para ampliar ainda mais o debate sobre o assunto.

Fotos: Agência Força Aérea e Iveco

(MD ASCOM/ FM)

Share