Rio de Janeiro, 25/03/2015 O tenente fuzileiro naval talo Felipe da Silva Serejo o comandante da Companhia de Defesa Nuclear, Biolgica, Qumica e Radiolgica (DefNBQR) da Marinha. Ele est frente de um efetivo de 30 oficiais e 82 praas que atuam na deteco e descontaminao de ameaas no pas. Serejo foi um dos instrutores da oficina prtica de Equipagem de Proteo Individual (EPI), ministrada aos participantes doSexto Curso Bsico de Assistncia e Proteo em Resposta a Emergncias Qumicas para Estados Partes da Amrica Latina e Caribe.
De acordo com ele, os profissionais de sua rea tem o desafio de lidar com o inesperado. Ns podemos atuar, por exemplo, com ataques terroristas ou no envolvimento de uma emergncia. Precisamos manter a calma para atender as pessoas, explicou o tenente.
Para trabalhar com segurana, quem tem a DefNBQR como rotina deve estar preparado, inclusive com os aparatos especficos, para cada tipo de problema. Essa foi a lio que os integrantes do Sexto Curso aprenderam na tarde de tera-feira (24), no Corpo de Fuzileiros Navais, no Rio de Janeiro. O mais importante conseguir voltar para casa com a tropa s e salva, afirmou Serejo.
Vestir o traje de DBQRN
Para se ter uma ideia, so 14 passos para vestir um profissional de defesa nuclear, biolgica, qumica e radiolgica com roupa de proteo C usada para deteco e descontaminao de ameaas mais fracas. Ao todo, o setor possui indumentria para quatro nveis, que vo do D ao A, de acordo com o grau de perigo. Mesmo em situaes aparentemente simples, a preparao fundamental para o sucesso da misso. A roupa a nossa proteo. Temos que fazer uma correta equipagem e desequipagem, disse o comandante.
No exerccio de ontem, o nvel C foi caracterizado pela cor branca. Os passos de equipagem e desequipagem so os seguintes:
– vestir uma espcie de saco plstico no p e vedar com fita crepe na altura do tornozelo;
– vestir luva cirrgica e vedar no punho;
– repetir a segunda etapa, colocando mais uma luva por cima;
– vestir o macaco descartvel Tyvek;
– calar a bota plstica (estilo galocha) e passar fita adesiva entre o material da roupa e o calado;
– por luva nitrlica e vedar;
– vestir a mscara de respirao;
– subir o capuz;
– vedar os espaos entre o capuz e a mscara, de modo a no deixar nenhum pedao de pele exposto;
– passar fita no zper do macaco at as costas, passando pelo meio das pernas;
– colocar fita no lado direito do peito horizontalmente;
– fazer o mesmo nas costas;
-rosquear o filtro da mscara;
– e escrever o nome com o tipo e RH sanguneo nas fitas horizontais.
Outros nveis foram mostrados em macaces amarelo e camuflado. Para vesti-los, as etapas eram praticamente as mesmas das anteriores. No caso da A, o macaco azul e vem com tubo de oxignio acoplado com capacidade para at 30 minutos de respirao. Esse mais alto grau de perigo pode tambm ser usado para detectar, por exemplo, focos do vrus ebola.
Misses e deteco
Nossa companhia ficou de prontido no caso de ser acionada para a descontaminao da aeronave que transportou um paciente com suspeita de ebola aqui no Brasil, contou Serejo. O tenente relatou, ainda, que o rgo que comanda vem trabalhando na realizao de adestramentos conjuntos e j atendeu a trs chamados de alerta. Segundo ele, eram cartas com p branco, que aps anlise foram consideradas alarme falso.
Temos que estar adestrados, tambm, na rea de deteco para manusear corretamente os equipamentos. So todos importados e de alto custo. Um deles est avaliado em R$ 200 mil. Possumos, atualmente, na companhia, cerca de 60 detectores de vrios tipos, sentenciou.
Durante a parte da manh do dia 24 de maro, o tenente-coronel Paulo Alexandre de Moraes Cabral, do Centro Tecnolgico do Exrcito, falou acerca da importncia de fazer vistoria nos equipamentos usados para deteco de ameaas. E completou: Cada aparelho trabalha com uma tecnologia diferente. bom usar, no mnimo, duas tecnologias para este fim.
O oficial contou um caso que aconteceu na Copa do Mundo, em 2014. A delegao russa estava no nibus e quando fizemos a varredura acusou para presena de Sarin. Confirmamos com outros aparelhos e percebemos que, na verdade, era mistura de detergente utilizada como material de limpeza.
Sarin um composto lquido incolor e inodoro usado com fins de arma qumica devido sua potncia sob o sistema nervoso. O gs Sarin foi classificado como arma de destruio em massa. Ao entrar em contato com o fabricante, eles mostraram que os espectros entre os dois produtos eram parecidos. Isso exemplo de tropicalizao dos equipamentos, disse o tenente-coronel Paulo. Agora, essa substncia de limpeza especfica j detectada pelos aparelhos utilizados pela Fora Terrestre.
Referncia
A Marinha do Brasil possui importante centro mdico para atendimento a radio acidentados. O Hospital Marclio Dias, localizado na cidade do Rio, referncia na Amrica Latina no tratamento desse tipo de pacientes.
O Exrcito que comeou com a rea de defesa nuclear, biolgica, qumica e radiolgica. Ns viemos depois. E agora, principalmente por causa da construo do submarino nuclear, lembrou o tenente Serejo. A Fora Naval prev o desenvolvimento, no pas, de quatro submarinos convencionais diesel-eltrico e um a propulso nuclear.
O Sexto Curso acontece at sexta (27), em organizaes da Marinha e do Exrcito, no Rio. destinado a civis e militares das naes integrantes da Conveno para Proibio de Armas Qumicas (CPAQ). O objetivo preparar tcnicos com elementos tericos e prticos, a fim de identificar e prevenir riscos e ameaas provocadas por agentes qumicos.
Participam da capacitao integrantes das Foras Armadas, policiais, bombeiros e civis do Brasil, Antigua e Barbuda, Argentina, Barbados, Colmbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Mxico, Panam, Paraguai, Peru e Santa Lcia.
Foto: Felipe Barra
(MD ASCOM/ FM)