Católicos, evangélicos, protestantes, umbandistas, espíritas, judeus, islâmicos, budistas… o novo arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, dom Fernando José Monteiro Guimarães, quer intensificar o diálogo entres as diferentes crenças professadas entre os membros das Forças Armadas. Guimarães se reuniu nesta quarta (13) com o ministro da Defesa, Celso Amorim, em sua primeira audiência oficial na nova função.
Nomeado bispo da Igreja Católica em 1998 pelo então Papa João Paulo II, Guimarães (na foto, ao centro) é o principal responsável pelo conforto espiritual de militares e seus familiares no Brasil e nas missões no exterior. Numa atividade cuja característica premente é a peregrinação, o arcebispo pretende fomentar “o respeito e a colaboração” com aqueles não católicos.
O titular do Ordinariado não ignora as mudanças no perfil religioso do país nas últimas décadas. “As alterações ocorridas na fé do brasileiro aconteceram na mesma proporção dentro do ambiente militar”, avalia Guimarães, que já atuava junto às Forças Armadas em atividades no 71º Batalhão de Infantaria Motorizado na cidade de Garanhuns (PE), cidade na qual é bispo.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os católicos são 64,4% da população. Já os protestantes – que incluem evangélicos tradicionais, pentecostais e neopetencostais – são 22,2% dos brasileiros.
Cultos
Além de coordenar e orientar as 150 capelanias instaladas em organizações militares no Brasil e no exterior, Guimarães pretende assegurar a disponibilização de espaços para que os praticantes de outras crenças possam realizar seus cultos. “Temos de respeitar a sensibilidade de todos”, afirmou.
Para o arcebispo, o mais importante é assegurar que oficiais e praças, bem como seus familiares, tenham assistência espiritual em suas angústias. “A vida do militar é essencialmente uma vida de fé, já que é idealista, pois a pessoa é capaz de dar a própria existência se necessário”, explica.
Sobre não religiosos, como ateus e agnósticos – 8% da população, segundo o IBGE -, o arcebispo não vê problemas de convivência. “O ateísmo é um fenômeno raro no meio militar. Mas não tenho problemas com ateus. Podemos dialogar por meio da filosofia”, assevera.
Com patente equivalente à general-de-divisão e com função de assessoria do ministro da Defesa, Guimarães trocará Garanhuns por Brasília (DF), onde ocupará o cargo de dom Osvino José Both – que apresentou sua renúncia ao Papa Francisco por completar 75 anos de idade. O arcebispo do Ordinariado Militar não é remunerado e não usa farda, diferentemente dos capelães.
Natural do Recife (PE), Dom Fernando José Monteiro Guimarães é mestre em Filosofia e Direito Canônico, além de doutor em Teologia. Membro da Congregação do Santíssimo Redentor (CSSR), viveu por 20 anos no Vaticano e é membro do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.
Fotos: Jorge Cardoso
(MD ASCOM/FM)