Operação Acolhida apoia recomeço de vida de venezuelanos no Brasil

Diariamente, mais de 900 homens, mulheres e crianças, venezuelanos, entram no Brasil. Os estados de Roraima e do Amazonas recebem grande parte desse fluxo de imigrantes que buscam melhores condições de vida fora do seu país natal.

Na terça-feira (14), comitiva do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) e da Secretaria Geral do Ministério da Defesa esteve na capital roraimense para acompanhar as atividades da Operação Acolhida. A Operação contribui para o ordenamento da fronteira; viabiliza a regularização de documentos e do calendário de vacinas; assegura acolhimento com a oferta de abrigo, alimentação e atenção à saúde; além de movimentar venezuelanos a outros estados do país para auxiliar na inserção social e o recomeço de vida.

14.09.2021 - Comitiva MD - Visita Op. Acolhida-103.jpg

A visita teve inicio com palestra ministrada pelo Coordenador da Operação Acolhida e Comandante da Forca-Tarefa, General de Divisão Sérgio Schwingel. Na apresentação, realizada na 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército, ele contextualizou o cenário atual da missão humanitária.

“É uma operação complexa; conjunta; interagências; com diversos atores, órgãos governamentais, não governamentais, organismos internacionais, agências, integrantes da iniciativa privada e da sociedade civil”, relatou o General.

Desde abril de 2018, a iniciativa conta com o apoio de militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para distribuição de alimentos, aplicação de vacinas e para o bom funcionamento de abrigos, que acomodam cerca de 7 mil imigrantes. As ações têm a participação de 12 ministérios, além de dezenas de organizações da sociedade civil e de organismos internacionais.

Para o General Schwingel, a Operação, de caráter humanitário, reforça a necessidade de proporcionar condições de vida favorável àqueles que precisaram deixar sua pátria. “O foco principal da Operação é dar dignidade, esperança e inclusão socioeconômica aos nossos vizinhos venezuelanos”, disse.

Parcerias

14.09.2021 - Comitiva MD - Visita Op. Acolhida-79.jpg

O Oficial Sênior do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) Arturo De Nieves considera a interiorização, que é a transferência voluntária de venezuelanos para outros estados, um dos diferenciais da Acolhida.

“Um dos pontos mais importantes da Operação é a interiorização. No Brasil, não há campos de refugiados, diferente de outros lugares no mundo. O que há na Acolhida são abrigos temporários, porque a estratégia é que essas pessoas se integrem, efetivamente, à sociedade brasileira”, sublinhou De Nieves.

Desde o início da Operação, em 2018, mais de 59,0 mil venezuelanos foram interiorizados.

Regularização

Na capital Boa Vista, está situado um dos postos de interiorização e triagem. Lá, podem ser resolvidas pendências quanto à regularização migratória. No mesmo local, fica localizado o Centro de Coordenação de Interiorização (CCI), onde são desenvolvidas todas as etapas do processo de interiorização.

14.09.2021 - Comitiva MD - Visita Op. Acolhida-83.jpg

Os atendimentos no CCI são feitos por cerca de 100 pessoas, entre militares, integrantes de agências e voluntários venezuelanos.

Um desses colaboradores é Jesus Medrano, 18 anos, que deixou a Venezuela devido aos conflitos internos em seu país. “Lá, tinha muita falta de segurança e minha mãe começou a ficar nervosa”, explicou.

Medrano decidiu ser voluntário e ajudar os compatriotas, por influência da mãe, que foi beneficiada com a prestação de serviços ofertados pela Operação Acolhida. “Foi aqui que ela recebeu ajuda. Teve assistência médica e muitos outros atendimentos”, destacou.

Foi no Centro de Coordenação de Interiorização que o jovem, também, teve a oportunidade de fazer cursos de operador de caixa e de empreendedorismo. Atualmente, Medrano faz faculdade de design gráfico em Boa Vista.

Ordenamento

Situada no extremo norte de Roraima, a cidade fronteiriça de Pacaraima é a principal porta de entrada dos venezuelanos no Brasil.

IMG_5951 (1).jpg

Eles são atendidos no Posto de Recepção e Identificação e no Posto de Interiorização e Triagem, ambos coordenados pela Operação Acolhida e por agências parceiras. Para acomodar o grande número de venezuelanos, a Operacao conta com uma casa de passagem e um abrigo exclusivo para indígenas.

Durante dois dias, a comitiva do Ministério da Defesa percorreu abrigos e instalações da Operação nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. A ação conta com 12 abrigos em Boa Vista, sendo quatro deles destinados a indígenas. Em Pacaraima, um décimo terceiro abrigo, também, é destinado a indígenas.

15.09.2021 - Comitiva MD - Visita Op. Acolhida-157.jpg

“Vimos uma realidade muito difícil para o povo venezuelano que busca apoio no territorio brasileiro, mas apesar das dificuldades e do numero elevado de vulneraveis, constatamos a forma profissional e competente dos militares e civis na conducao da Operação Acolhida. Parabenizo o General Schwingel, a equipe da Acolhida e os integrantes das agências, que trabalham de forma integrada e harmonica. Isso possibilita que a missão seja muito bem cumprida”, relatou o Chefe de Logística e Mobilização do Ministério da Defesa, Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues.

Participaram, ainda, da comitiva da Defesa o Chefe de Assuntos Estratégicos, General de Exército Eduardo Antonio Fernandes; o Secretário de Orçamento e Organização Institucional, Antonio Paulo Vogel de Medeiros; e o Vice-Chefe de Logística e Mobilização, General de Divisão Raul Rodrigues de Oliveira; entre outras autoridades militares.

15.09.2021 - Comitiva MD - Visita Op. Acolhida-20.jpg

Por Lane Barreto 

Fotos: Sargento Neves/ Ala 7

Share